terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Covardia é não lutar pelo que se acredita

A nova ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), Eleonora Menicucci já estreará no cargo voltando atrás numa questão importantíssima para a saúde da mulher: a legalização do aborto. Apesar de ser declaradamente a favor e de reconhecer a importância de sua regularização por se tratar de uma questão de saúde pública, a ministra preferiu tirar o corpo fora da discussão limitando-se a dizer que o governo tem um projeto no Congresso Nacional e que "esse projeto só andará no Congresso se assim os parlamentares quiserem e entenderem a importância dele. Neste momento, nós do Executivo não temos muito o que fazer".

Pra quem não se lembra, a presidente Dilma Rousseff se comprometeu durante a campanha a não capitanear mudanças na legislação relativa ao aborto para não arrumar encrenca com a bancada - e principalmente - com eleitorado evangélico (uma estratégia semelhante à adotada no ano passado, quando a presidente voltou atrás com relação à distribuição do kit anti-homofobia nas escolas públicas em troca do apoio da bancada crente para abafar uma CPI contra Palocci).

Todo mundo que já leu meia dúzia de páginas de O Príncipe sabe que é assim que a política funciona: pra se manter no governo as pessoas fazem de tudo, seja virar melhor amigo de antigos inimigos mortais ou praticar ações que são exatamente o contrário de suas promessas de campanha. Mas eu me pergunto aqui, com a ingenuidade que me resta, sobre qual o propósito de haver uma Secretaria de Política para Mulheres se a ministra e a presidente já se comprometeram de antemão a não lutar por uma das mais importantes bandeiras relativas à saúde da mulher.

As campanhas anti-aborto sempre dizem que o abortamento é um ato de covardia contra um feto indefeso. E fechar os olhos para a milhares de mulheres que morrem todos os anos vítimas de abortos clandestinos feitos em condições precárias é o que, hein?

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